
O ano de 2025 marcou um ponto de viragem importante para as empresas em Portugal. Num contexto económico de recuperação consolidada, mas ainda volátil, o tecido empresarial português foi desafiado a amadurecer rapidamente, corrigir erros estratégicos do passado recente e preparar-se para um ciclo económico mais exigente, marcado pela digitalização, sustentabilidade e transformação estrutural dos modelos de negócio.
Neste artigo, traçamos um panorama estratégico de 2025, com base nas tendências observadas no mercado, nas principais decisões empresariais, nos casos de sucesso e nas falhas mais críticas. O objetivo é oferecer lições valiosas para gestores, investidores e empreendedores, com vista à construção de empresas mais resilientes, sustentáveis e preparadas para 2026.
Um ano de consolidação e reestruturação
2025 não foi um ano de crescimento acelerado para todas as empresas. Foi, sobretudo, um ano de consolidação. Depois da forte recuperação pós-pandemia entre 2022 e 2024, o ritmo abrandou ligeiramente, mas com uma nota positiva: o crescimento tornou-se mais sustentado e estratégico.
Alguns dos aspetos que marcaram este panorama incluem:
- Melhoria da saúde financeira em setores críticos, com aumento da margem EBITDA e redução de passivos acumulados;
- Digitalização consolidada, com aposta em ferramentas de automação, CRM, inteligência artificial e gestão integrada;
- Foco na rentabilidade e não apenas na expansão, com cortes cirúrgicos, reestruturações e análise de portefólio mais rigorosa;
- Maior sensibilidade ESG (ambiental, social e de governance), especialmente em setores mais expostos a riscos reputacionais.
As empresas que prosperaram em 2025 foram aquelas que entenderam que o tempo da improvisação terminou. Entrou-se numa fase em que o rigor estratégico, a capacidade de execução e a gestão baseada em dados tornaram-se determinantes.
Os grandes acertos estratégicos de 2025
Ao longo do ano, foram vários os casos e movimentos empresariais que podem ser destacados como boas práticas. A seguir, reunimos alguns dos principais acertos estratégicos observados em 2025.
Planeamento financeiro realista e disciplinado
Empresas que ajustaram as suas previsões de crescimento e margens com base em dados reais de mercado e não apenas em ambições internas evitaram problemas de tesouraria e foram capazes de captar capital com maior facilidade. A gestão rigorosa de fluxos de caixa e o uso de modelos financeiros dinâmicos tornaram-se práticas comuns.
Fortalecimento de equipas de liderança
Muitas PME começaram a investir de forma mais intencional na qualidade da liderança, trazendo perfis seniores de áreas como gestão financeira, operações e transformação digital. Esse reforço foi decisivo na execução de projetos estratégicos.
Adoção de ferramentas de gestão estratégica integradas
As empresas mais preparadas integraram metodologias como:
- Balanced Scorecard (BSC);
- Ciclo PDCA para planeamento e melhoria contínua;
- Análise SWOT cruzada com PEST-AL e KPIs dinâmicos.
Estas abordagens permitiram maior clareza sobre prioridades, alocação de recursos e acompanhamento de resultados.
Investimento seletivo em tecnologia
Em vez de digitalizar “por moda”, muitas empresas começaram a adotar tecnologia com base em objetivos claros, como automatizar processos repetitivos, melhorar o serviço ao cliente ou gerar dados para decisões mais rápidas. O retorno sobre investimento (ROI) tornou-se um critério inegociável.
Abertura a parcerias e colaborações
Houve uma tendência crescente de parcerias entre empresas complementares, especialmente em setores como turismo, indústria criativa e energia. Colaborações com universidades, startups e centros de inovação também ganharam espaço.
Os principais erros cometidos pelas empresas
Se 2025 foi um ano de amadurecimento, isso também significou que muitos erros foram visíveis, e em alguns casos, custosos. Os mais comuns incluem:
Crescimento sem sustentabilidade operacional
Algumas empresas tentaram crescer agressivamente sem garantir estrutura, pessoas ou processos para sustentar esse crescimento. Resultado: perda de qualidade, aumento de churn e insatisfação de clientes e colaboradores.
Resistência à transformação digital real
Muitas organizações ainda tratam a digitalização como uma tarefa “do departamento de informática”. Isso atrasou projetos, aumentou a dependência de processos manuais e reduziu a competitividade face a concorrentes mais ágeis.
Falta de preparação para captar financiamento
Apesar das oportunidades abertas por programas como o PRR e o PT2030, muitas empresas não conseguiram apresentar projetos sólidos, com plano de negócios estruturado, indicadores financeiros consistentes e documentos completos. A falta de apoio técnico foi um entrave relevante.
Cultura organizacional desatualizada
Empresas que mantêm estruturas hierárquicas rígidas e pouca abertura ao feedback perderam talentos para empresas mais modernas, especialmente nas áreas tecnológicas, criativas e de serviços.
Estratégias de marketing desajustadas
A aposta em campanhas de alto custo sem segmentação, sem base de dados qualificada e sem integração com o digital resultou em desperdício de recursos e fraca conversão.
Lições estratégicas para 2026
Com base no que correu bem e no que falhou em 2025, surgem lições valiosas para empresas que queiram estar na linha da frente em 2026.
Planeamento não é previsão — é preparação.
Empresas que planeiam com base em vários cenários estão melhor preparadas para a volatilidade e podem reagir mais rápido.
Os dados são o novo capital estratégico.
Medir desempenho através de KPIs relevantes, entender os clientes com base em dados e ajustar estratégias com agilidade é o novo diferencial competitivo.
Investir em pessoas é investir em resultados.
Empresas que cuidam da sua cultura, lideranças e equipas são mais adaptáveis e inovadoras. A retenção de talento tornou-se uma prioridade real.
Não há crescimento saudável sem estrutura.
Antes de expandir, é preciso consolidar. A estrutura interna tem de acompanhar a ambição externa.
Inovação não é só tecnologia.
Processos, modelos de negócio, formas de comunicar e até a abordagem ao cliente podem e devem ser reinventadas continuamente.
O papel da consultoria em 2026: menos planos, mais ação
O panorama de 2025 mostra claramente que as empresas que procuraram apoio externo especializado conseguiram acelerar mudanças internas e evitar erros dispendiosos.
A consultoria empresarial deixou de ser vista apenas como “planeamento estratégico” e passou a ser:
- Um parceiro de execução;
- Um facilitador de mudança;
- Um catalisador de inovação e medição de impacto.
Na Macro Consulting, acreditamos que 2026 será o ano em que as empresas portuguesas mais bem-sucedidas serão aquelas que agem com base em evidência, integram diferentes dimensões de gestão (financeira, operacional, humana) e colocam o cliente no centro da decisão.
Conclusão: 2025 foi um ano de maturação estratégica
Se 2022 e 2023 foram anos de recuperação, e 2024 de reposicionamento, 2025 foi o ano em que muitas empresas portuguesas se tornaram verdadeiramente estratégicas.
A maturidade empresarial começa a emergir: com mais foco, maior disciplina financeira, ambição sustentável e liderança mais preparada. 2026 exige continuidade, foco na execução e capacidade de adaptação. As empresas que aprenderam com os erros de 2025 e consolidaram os acertos entrarão no próximo ano com vantagem competitiva — e visão de longo prazo.
A Macro Consulting ajuda a sua empresa a estruturar planos com impacto, aceder a fundos, melhorar o controlo de gestão e definir estratégias de crescimento sustentável.
Fale connosco. Porque o sucesso de amanhã começa com as decisões que tomar hoje.