
Depois de um período de transformação profunda nos hábitos de viagem, o turismo em Portugal entra em 2026 com novos paradigmas e desafios. Se os anos pós-pandemia foram marcados por uma recuperação acelerada, os próximos passos exigem mais estratégia, diferenciação e, acima de tudo, autenticidade.
Portugal consolidou-se como um dos destinos europeus mais procurados, mas a maturidade do setor exige agora uma visão clara sobre o tipo de turismo que queremos atrair, os mercados prioritários e os modelos de crescimento que asseguram valor — e não apenas volume.
Neste artigo, analisamos as principais tendências do turismo em Portugal para 2026, o que muda na procura, como os destinos portugueses podem adaptar-se e porque o futuro passa por mais qualidade e sustentabilidade, e menos massificação.
Portugal pós-pandemia: um destino em mutação
A pandemia da COVID-19 funcionou como um verdadeiro “reset” no turismo global. Se entre 2021 e 2023 a prioridade foi recuperar visitantes e receita, a partir de 2024 começa-se a observar uma nova lógica: turismo com impacto positivo, tanto para os visitantes quanto para os destinos.
Em Portugal, os dados de 2024 e 2025 mostram:
- Retoma do turismo internacional, com níveis superiores aos de 2019;
- Aumento da estada média e da despesa por turista;
- Crescimento do turismo residencial e de nómadas digitais;
- Pressão sobre cidades como Lisboa e Porto, e sobre ecossistemas frágeis como a costa algarvia ou a ilha da Madeira.
Em 2026, espera-se que o país continue a atrair milhões de visitantes, mas com mudanças relevantes no perfil, nas exigências e nos comportamentos. O desafio será equilibrar crescimento com preservação, hospitalidade com autenticidade e investimento com propósito.
Tendências para 2026: menos volume, mais valor
As tendências que se afirmam para 2026 estão alinhadas com os grandes movimentos globais, mas com algumas especificidades no contexto português:
Turismo de luxo e experiências exclusivas
O segmento de luxo cresce a dois dígitos, impulsionado por viajantes mais exigentes e com maior poder de compra. Mas este “novo luxo” não é ostentação: é acesso, personalização, tranquilidade, natureza e identidade local.
Portugal tem oportunidades únicas aqui:
- Hotéis boutique e propriedades exclusivas em zonas rurais ou vinícolas;
- Experiências enogastronómicas de autor;
- Roteiros de bem-estar e retiros em locais inexplorados.
Autenticidade como novo valor central
Em 2026, o turista quer se sentir parte, e não apenas visitar. Valoriza o que é autêntico, local, humano. A procura por experiências genuínas — desde a gastronomia tradicional ao artesanato, festas populares e vivências comunitárias — crescerá.
Destinos menos conhecidos, aldeias históricas, comunidades rurais e projetos de turismo regenerativo ganham destaque, se forem bem promovidos e estruturados.
Crescimento do turismo slow e sustentável
A tendência é clara: viagens mais longas, mais conscientes, com menor pegada. Os viajantes priorizam:
- Transportes sustentáveis;
- Estadas em alojamentos ecológicos;
- Interação com a natureza e educação ambiental.
Portugal tem vantagem competitiva nesta área, com uma oferta natural diversificada e clima favorável. Mas precisa de reforçar a certificação, medição de impacto e práticas de gestão responsável.
Novos mercados emissores
Se antes os principais mercados emissores eram o Reino Unido, Espanha, França e Alemanha, em 2026 o cenário é mais dinâmico:
- Estados Unidos continuam a crescer fortemente, com turistas de maior poder de compra e estadas mais longas;
- Brasil recupera peso, com forte afinidade cultural e ligações aéreas em expansão;
- Canadá, México, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos emergem como mercados de nicho com interesse crescente;
- A China começa a recuperar gradualmente, mas com perfis mais segmentados e exigentes.
Investir na diversificação de mercados é crucial para reduzir a dependência de fluxos sazonais e tornar o setor mais resiliente.
O papel da inovação e da digitalização
Em 2026, o turismo será ainda mais digital, personalizado e orientado por dados. As empresas e destinos que adotarem ferramentas tecnológicas terão vantagens claras:
Personalização da experiência
Plataformas de inteligência artificial e CRM permitem criar ofertas segmentadas, com base nos interesses e comportamentos de cada visitante.
Exemplo: um visitante que pesquisa vinhos e arte contemporânea recebe sugestões personalizadas de roteiros, restaurantes e alojamentos antes de chegar.
Experiências imersivas e realidade aumentada
Museus, centros interpretativos e experiências culturais adotam cada vez mais realidade aumentada, realidade virtual e gamificação para enriquecer a experiência.
Portugal já tem bons exemplos — como o WOW Porto ou o Immersivus Gallery em Lisboa — mas há muito espaço para escalar.
Digitalização da gestão turística
Destinos turísticos precisam de integrar:
- Plataformas de dados de visitantes em tempo real;
- Sistemas de controlo de capacidade e reservas em zonas sensíveis;
- Ferramentas de monitorização ambiental e satisfação do turista.
O turismo inteligente não é uma tendência — é uma necessidade.
Sustentabilidade: do discurso à prática
A sustentabilidade já não é apenas uma palavra-chave — é critério de decisão.
Em 2026, destinos e empresas que não integrem práticas ambientais, sociais e de governação (ESG) estarão em desvantagem. Os viajantes — especialmente das gerações Y e Z — são exigentes e informados.
Mobilidade e carbono
- Redução do uso de automóveis individuais;
- Promoção de transportes públicos e suaves;
- Compensação de emissões e turismo de baixo carbono.
Economia local e circular
- Valorizar fornecedores locais, cadeias curtas e produção artesanal;
- Promover experiências que envolvam comunidades locais, com retorno económico real;
- Reduzir desperdícios (alimentares, energéticos, plásticos).
Educação do visitante
Empresas e destinos devem investir em comunicação clara sobre boas práticas, desde o uso responsável de recursos à conduta cultural em espaços sensíveis.
Oportunidades estratégicas para empresas e territórios
Para os diferentes players do setor — desde autarquias a empreendedores turísticos — o momento é de tomar decisões estratégicas com impacto a médio e longo prazo.
Requalificar a oferta em vez de expandir descontroladamente
Foco em qualidade, diferenciação e integração com o território.
Apostar na formação e retenção de talento
O setor sofre com falta de profissionais. Investir na formação contínua, condições justas e mobilidade interna é vital para garantir hospitalidade de excelência.
Estimular a colaboração entre públicos e privados
As estratégias mais bem-sucedidas são aquelas que integram visão regional, investimentos coordenados e sinergias entre entidades. O turismo é uma responsabilidade coletiva.
Conclusão: 2026 será o ano da maturidade turística
Portugal tem todas as condições para liderar uma nova era do turismo europeu — mais inteligente, inclusivo, sustentável e autêntico. Mas para isso, é preciso sair da lógica da massificação, repensar modelos de negócio e valorizar o que nos torna únicos. As decisões tomadas hoje vão moldar o que será o turismo português em 2030 — e além.
O futuro não está apenas em mais turistas, mas em melhores turistas, experiências mais significativas e um setor que contribui, de forma ativa, para o bem-estar dos territórios e das pessoas.
A Macro Consulting pode apoiar o seu plano estratégico no setor do turismo, desde estudos de mercado, diagnósticos estratégicos, planeamento turístico e sustentabilidade ESG, até à candidatura a apoios e incentivos europeus, trabalhamos lado a lado consigo para transformar tendências em resultados reais.
2026 começa agora. Está preparado?