Tendências da indústria têxtil para 2023

A indústria têxtil é uma das mais antigas e importantes do mundo, tendo um impacto significativo na economia global. Com o passar dos anos, a indústria têxtil tem sofrido mudanças significativas devido ao surgimento de novas tecnologias e tendências.

Em 2023, esperamos ver uma série de novas tendências surgindo, que irão moldar o futuro da indústria têxtil e influenciar como produzimos e consumimos roupas.

Neste artigo, exploramos algumas dessas tendências e como elas podem afetar a indústria têxtil em breve.

Recorde de exportações, mas perspetivas incertas para a Indústria Têxtil em 2023

A indústria têxtil vivenciou um recorde ao nível das exportações no ano civil de 2022, cifrando-se na quantia de 6 mil milhões de euros (bastante superior aos cerca de 5,4 mil milhões de euros registados no ano anterior).

No entanto, as razões para este recorde não são tão animadoras, pois se baseia nas elevadas taxas de inflação, ao invés de um crescimento da procura.

Isso significa que esperamos uma entrada complicada em 2023, tendo em conta que, desde o início do segundo semestre de 2022, as encomendas registaram decréscimos nas quantidades, devido ao receio de uma possível recessão económica.

Diminuição da procura devido à instabilidade económica e aos preços elevados

A diminuição da procura que se prevê na indústria têxtil em 2023 é, em parte, justificada pelo facto de que a Alemanha “travou a fundo” e, considerando a importância que detém no contexto europeu (e mundial), afeta um pouco os restantes países e, consequentemente, prejudica o volume de encomendas a Portugal.

Além disso, a instabilidade dos preços em vigor faz com que os consumidores sejam praticamente obrigados a priorizar gastar o seu dinheiro em necessidades primárias e, no que lhe concerne, não gastar em outras necessidades mais supérfluas como vestuário, viagens, restaurantes, etc.

Outro fator importante é o da Rússia, que era um destino forte para muitas marcas internacionais, mas atualmente é um mercado praticamente fechado.

A guerra na Europa e as suas implicações na indústria têxtil

Após um intervalo de tempo superior a dois anos em que a pandemia foi o ponto-crítico da indústria têxtil e do vestuário — fazendo com que as empresas do setor se vissem obrigadas a reinventar as suas formas de estar e trabalhar — agora (e num futuro próximo) as empresas do setor batalham contra externalidades negativas advindas da guerra na Europa.

A guerra na Europa afeta as cadeias de abastecimento e distribuição e aumenta os custos da energia, da taxa de inflação ou até da subida das taxas de juro (medida para diminuir a inflação).

Desta forma, conjugando as consequências enumeradas, é possível adivinhar-se um período complicado para as empresas de retalho têxtil. Para corroborar esta informação, 56% deste tipo de empresas afirmam que as suas condições negociais (e gerais) irão piorar com o tempo.

Crescimento da receita no 1.º trimestre de 2022 e a consistência da indústria têxtil

Apesar de fatores como a indústria têxtil apresentar desempenhos consistentes ao longo do tempo e do crescimento da receita de 13% no 1.º semestre de 2022 (que fornecem uma base sólida e segura para enfrentar possíveis problemas), preocupações com a falta de trabalhadores qualificados, a subida dos salários e o crescimento das vendas globais do setor da moda ocorrerá em segmentos específicos, como os de luxo (até 10%) continuam a ser um desafio.

Tendências da indústria têxtil para 2023

Mas nem tudo são más notícias para a indústria têxtil em 2023. Há algumas tendências emergentes que podem influenciar positivamente o setor. Essas tendências incluem:

• Sustentabilidade: A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade está cada vez mais presente na indústria têxtil. Isso pode levar a uma demanda maior por roupas produzidas com materiais sustentáveis e produzidas de maneira responsável. Relativamente às questões relacionadas com produção “amiga do ambiente”, 79% dos representantes de empresas de moda criticam a falta de normas para a indústria que permitam avaliar a sustentabilidade do processo produtivo, visto que consideram ser o maior obstáculo para que os consumidores possam mensurar/quantificar o grau de greenwashing praticado pelas indústrias produtivas. Par“ combater este problema, em França, prevê-se nova legislação no novo ano de 2023, nomeadamente através da imposição de que as marcas coloquem etiquetas nas roupas e têxteis com a”pontuação” ambiental de cada um dos artigos, medida esta que permitirá aos consumidores terem mais informação acerca do que compram e também uma noção do “nível de sustentabilidade” associado à produção desse bem.

• Produção local: A produção local também ganha força na indústria têxtil. Muitas pessoas procuram comprar roupas produzidas localmente para apoiar pequenas empresas e reduzir a pegada de carbono associada à produção em massa em outros países. Relativamente à geografia de operação das empresas têxteis e de vestuário prevê-se uma reavaliação da estratégia. Esta alteração de geografia é principalmente causada pela desaceleração da economia da China em 2023 (considerada um motor de crescimento da indústria), visto que o PIB chinês cresceu apenas 3,2%, quando havia crescido 8,1% em 2021.

• Personalização: A personalização também está se tornando cada vez mais popular. Muitas pessoas querem roupas únicas e feitas sob medida para elas, o que pode levar a uma demanda maior por serviços de personalização e produção sob encomenda.

• Tecnologia têxtil avançada: A tecnologia têxtil também avança rapidamente, com novas técnicas de produção e materiais sendo desenvolvidos a cada ano. Isso pode levar a roupas mais duráveis, confortáveis e inovadoras no mercado

Conclusão

Concluindo, o mapa e as estratégias com vista ao crescimento das marcas e empresas de artigos de moda alteraram-se, com regiões como o Médio Oriente e países como os E.U.A. a serem o centro das atenções, prevendo-se que metade dos executivos de moda se expandiram para a América do Norte, em 2023. Por outro lado, 85% dos empresários inseridos na indústria da moda estão certos de que a inflação será um desafio no próximo ano, enquanto, relativamente aos custos energéticos, mais de metade acreditam que a crise de energia será um fator preponderante no mercado. Além disto, tendo em conta a expectativa de queda do PIB global, em 2023, em cerca 2,5%, a ameaça de recessão económica é uma possibilidade muito expectável para diversos países.

Por conseguinte, prevê-se que os segmentos de artigos de vestuário (e têxtil) de luxo não irão “cair”, visto que as famílias mais confortáveis financeiramente serão os grupos menos afetados e, por conseguinte, irão continuar a consumir produtos dessa categoria. Contrariamente, as famílias com rendimentos mais baixos e menos possibilidades irão tentar priorizar os seus gastos em bens de primeira necessidade e, no que lhe concerne, diminuir a frequência (ou mesmo eliminar) com que despendem em bens mais (ou menos) superficiais/excedentários, como a roupa.

Em suma, a indústria têxtil enfrentará alguns desafios em 2023, como a diminuição da procura devido à instabilidade económica e aos preços elevados, bem como as implicações da guerra na Europa nas cadeias de abastecimento e distribuição e nos custos de energia e taxas de juro. No entanto, também há tendências positivas emergentes, como a sustentabilidade, a produção local, a personalização e a tecnologia têxtil avançada, que podem influenciar positivamente o setor. Será interessante ver como essas tendências se desenvolverão e se manifestarão na indústria têxtil em 2023 e em breve.

FONTES:

• https://eco.sapo.pt/2022/12/27/travao-nas-encomendas-assusta-industria-do-textil-e-vestuario-para-2023/
• https://www.distribuicaohoje.com/retalho/industria-moda-2023/
• https://expresso.pt/economia/2022-11-30-O-que-nos-vai-trazer-a-moda-em-2023–Desaceleracao-global-diz-estudo-internacional-9ff84788

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