Com o aparecimento da pandemia em 2020, muitos pensaram que se verificariam fortes quebras na procura por imóveis e no preço dos mesmos. No entanto, tal não se verificou, e em 2021 os preços dos imóveis continuaram a subir.
Ora, em 2022 é de esperar que os preços do mercado imobiliário continuem a crescer, tendo em conta o acréscimo da taxa de inflação e o excesso de procura registado no mercado.
Esta é uma altura bastante conturbada e imprevisível, devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, ao crescimento intenso da taxa de inflação e à revisão das taxas de juro diretoras do Banco Central Europeu. No entanto, continua a ser possível apontar algumas das principais tendências que irão marcar o setor imobiliário no ano 2022 e no futuro próximo.
As tendências antecipadas estão associadas à evolução dos preços dos imóveis e dos fatores produtivos subjacentes à produção dos mesmos, assim como ao contexto macroeconómico e às alterações das preferências dos consumidores.
Digitalização da procura
A pandemia COVID-19 contribuiu para uma aceleração intensa da digitalização na generalidade dos setores, o que também se fez sentir no mercado imobiliário. O mercado imobiliário adaptou-se rapidamente às circunstâncias, e comprar imóveis sem os ter visitado presencialmente tornou-se o “novo normal”.
De modo a familiarizarem-se com os imóveis a adquirir, os compradores têm acesso a visitas guiadas virtuais, através de 3D Tours e imagens captadas com drones, por exemplo. Tendo em conta o conforto e qualidade deste tipo de visita e compra virtuais, é de esperar que a intensificação da digitalização da procura de imóveis seja uma tendência para o futuro próximo.
Deslocação geográfica da procura
Outra tendência apontada ao mercado imobiliário é o crescente interesse por parte dos investidores em imóveis localizados fora dos grandes centros urbanos, mas com fácil acesso aos mesmos.
Existem duas razões para a deslocação parcial da procura de imóveis: necessidade e conforto. Os preços dos imóveis localizados nos grandes centros urbanos são demasiado elevados para uma parte da população, devido a questões de saturação, logo estes agentes veem-se obrigados a residir fora dos mesmos. Por outro lado, existem compradores que, apesar de deterem os meios necessários para adquirir ou arrendar um imóvel num grande centro urbano, têm preferência pelo espaço e ambiente que o mesmo não consegue fornecer.
Imóveis inteligentes
Tem-se vindo a verificar um crescimento na procura por imóveis inteligentes, ou seja, imóveis que integram recursos tecnológicos inovadores, de modo a facilitar a vida dos habitantes. A incorporação de tecnologia de ponta nos imóveis permite simplificar as tarefas domésticas e maximizar o conforto dos habitantes.
Alguns exemplos de características de imóveis inteligentes são o controlo das câmaras de vigilância do imóvel a partir do telemóvel e a identificação biométrica à entrada do imóvel.
Inflação
O forte aumento da taxa de inflação coloca pressão sobre as taxas de juro, razão pela qual o Banco Central Europeu anunciou recentemente o aumento das suas taxas de juro diretoras, o que afeta a capacidade aquisitiva das famílias. Por outro lado, a inflação gera um aumento da procura por imóveis como forma de reserva de valor e fuga à deterioração do valor das poupanças monetárias das famílias.
Custos de construção
Os custos de construção subiram 13,5% em maio, face ao período homólogo, devido à subida dos preços dos materiais e do custo da mão de obra.
A pandemia COVID-19 e a atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia têm vindo a colocar pressão sobre a taxa de inflação e taxa Euribor, o que se vai refletir nos custos das matérias-primas e mão de obra e, assim, no preço dos imóveis.
Preços dos imóveis
Dados publicados pelo Eurostat revelam que os preços das casas em Portugal cresceram 70% entre 2010 e o primeiro trimestre de 2022, o que faz de Portugal o 11º estado- membro da União Europeia onde os preços das casas mais subiram nesse período.
Ora, uma das tendências apontadas ao mercado imobiliário em 2022 é precisamente que este aumento dos preços dos imóveis se continue a verificar (desde o final de 2021 até março, os preços já subiram 3,4%), nomeadamente devido ao aumento dos custos de construção e ao excesso de procura verificados no mercado, que se deve acentuar ao longo do resto do ano. Também é de esperar que o impacto da pandemia COVID-19 e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia na taxa de inflação e na taxa Euribor provoquem um aumento nos custos de produção e, assim, nos preços dos imóveis.
Mercado de arrendamento
Apesar de a compra de imóveis em Portugal continuar em alta, a subida dos preços dos mesmos faz com que uma parte considerável da população não possua os meios financeiros necessários para adquirir um imóvel ou suportar os gastos associados ao financiamento bancário, sendo o arrendamento uma alternativa.
No entanto, é de esperar um crescimento dos custos de arrendamento durante o segundo semestre de 2022, tal como se verificou no primeiro semestre, como resultado da subida da taxa de inflação e das taxas de juro, assim como a diminuição do prazo do crédito à habitação.
Redução do prazo dos créditos à habitação
Em 2020, a maturidade média dos créditos à habitação em Portugal correspondia a 33,2 anos, pelo que existem várias pessoas a contrair empréstimos por 40 anos. Ora, o Banco de Portugal definiu como objetivo que “a maturidade média do conjunto de novos contratos deve convergir, de forma gradual, para 30 anos até final de 2022”.
Esta redução do prazo dos créditos à habitação pode fazer com que alguns potenciais compradores, nomeadamente os mais jovens, geralmente associados a prazos bastante longos, redirecionem a sua procura para o mercado de arrendamento, devido à sua incapacidade de assumir um crédito à habitação até ao prazo máximo a atingir até ao final de 2022.
Sustentabilidade
A crescente preocupação com a preservação do meio ambiente tem vindo a alterar significativamente o panorama de muitos mercados, e o mercado imobiliário não é exceção.
A preocupação da população com a sua pegada ecológica será notável em 2022 e em períodos posteriores, pelo que procuram imóveis eficientes em termos energéticos, com painéis solares ou “telhados verdes”. A exigência por imóveis sustentáveis é especialmente relevante no segmento de luxo do mercado imobiliário, caracterizado por consumidores com orçamentos elevados.
Links consultados:
- https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2022/07/12/53098-casas-cada-vez-mais-caras-em-portugal-precos-subiram-70-em-12-anos
- https://www.dsprivate.com/mercado-imobiliario-luxo/
- https://www.idealista.pt/news/imobiliario/construcao/2022/07/05/53013-quanto-custa-construir-uma-casa-nova-mais-13-5-que-ha-um-ano
- https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2022/05/20/52368-juros-altos-e-limites-ao-credito-habitacao-impulsionam-arrendamento
- https://www.e-konomista.pt/mercado-imobiliario-2022/
- https://visao.sapo.pt/imobiliario/2022-01-13-mercado-imobiliario-o-que-esperar-em-2022/
- https://explodingtopics.com/blog/real-estate-trends
- https://gruposolucao.pt/compra/mercado-imobiliario-tendencias/