O estado da Educação em Portugal
Portugal atualmente convive com um problema fraturante no mundo da Educação: falta de docentes.
A possibilidade de aceder à Educação é um direito de qualquer cidadão e o nosso país encontra-se, infelizmente, numa situação na qual não se preveem grandes alterações, pelo menos num futuro próximo.
No ano letivo que se iniciou no passado mês de setembro, foram contabilizados que 60.000 alunos das nossas escolas não têm, pelo menos, um professor. Estes dados são, por si só, motivo alarmante para toda a comunidade educativa portuguesa e exige soluções, o que torna toda a situação ainda mais grave.
Adicionalmente, um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos prevê que num prazo de 3 anos o número de estudantes sem, no mínimo, um professor, atinja os 250.000, uma perspetiva bastante assustadora.
Falta de incentivos à atividade
Em Portugal, cada vez são menos os jovens que ambicionam exercer a atividade de professor, sendo que não a consideram como uma profissão atrativa. Este é um dos problemas base que toda a envolvente educativa tem de enfrentar e resolver.
Outro dos problemas diretamente relacionados com a escassez de professores poderá ser o nível médio de remunerações da atividade pois, segundo dados do relatório anual “Education at a Glance 2022” os salários dos professores portugueses aumentaram (apenas) metade do valor médio da OCDE.
Desta forma, com este tipo de “publicidade” é natural que cada vez existam menos candidatos a cursos ligados ao ensino e que, consequentemente, a profissão se torne cada vez mais envelhecida.
Rejeição de candidaturas universitárias na área do ensino
Através de um estudo realizado pela Universidade Nova de Lisboa, concluiu-se que nos próximos 8 anos terão de profissionalizar-se cerca 34.500 novos docentes, tendo em conta (apenas) os cálculos feitos à falta que já existe e aos atuais docentes que, entretanto, se reformarão. Por conseguinte, analisando o número de vagas existentes atualmente, significa que o número anual de diplomados terá de ser duas vezes maior que o atual.
Urgência de alteração do panorama educativo
Em jeito de conclusão, é de caráter urgente fazer reformas significativas em todo o panorama educativo, desde a criação de mais cursos superiores e/ou técnicos, recrutamento, condições de trabalho, condições salariais e seguir os exemplos de outros países da UE como, por exemplo, a Finlândia e Espanha que modificaram e dinamizaram os seus sistemas de ensino de forma radical.
Perspetivas de outros Estados-membro
Por um lado, destaca-se pela positiva o caso da Finlândia, conhecida globalmente por ter um dos melhores sistemas educativos do mundo, principalmente pela aprendizagem multidisciplinar (criação de projetos que obrigam a uma conglomeração das várias disciplinas) diferenciada para cada tipo de aluno e com elevados graus de autonomia.
Prevê-se a ocorrência de uma grande reforma no sistema educativo espanhol, principalmente alavancado por um maior foco no desenvolvimento de competências e menos no tipo de ensino de memorização.
Principais tendências no setor da Educação
Adaptação ao ensino online
A pandemia COVID-19 gerou muitas consequências em todos os setores e a comunidade educativa não foi exceção. Através da adaptação reativa às aulas online (única forma de ensino possível aquando do aparecimento da pandemia de escala global) conheceu-se uma nova realidade de ensino que, para muitos, se revelou de bastante eficácia e eficiência, razão pela qual se estima que, atualmente, mais de 1.200 milhões de alunos (globalmente) se mantêm num regime de aulas via digital.
Project-based Learning
Adicionalmente, outro dos conceitos com que nos iremos familiarizar cada vez mais é o “Project-based Learning (PBL)”, também conotada como “aprendizagem experiencial”. Desta forma, pode caraterizar-se como um ensino com base na prática, em situações que se passam na vida real. Por conseguinte, é um tipo de educação mais dinâmico e que irá proporcionar uma absorção de conhecimentos / soft skills muito mais repentina comparativamente ao tradicional ensino “by the book”.
Mobile Learning (m-Learning)
M-learning pode ser definida como ensino via Internet, através de qualquer dispositivo portátil (smartphones, tablets, portáteis, etc).
Este tipo de aprendizagem tem diversas vantagens tendo em conta que é uma ferramenta que permite que os alunos aprendam ao seu próprio ritmo quer seja através de vídeos, podcasts, entre outros formatos multimédia utilizados atualmente (eliminando barreiras àqueles que têm maior dificuldade em adquirir conhecimento através das clássicas formas de aprendizagem: leitura de livros ou apresentações). Adicionalmente, outro dos “prós” do m-learning são as datas e horas disponíveis, isto é, qualquer lugar a qualquer hora pode ser uma sala de aula, visto que os cursos de eLearning são acessíveis 24 horas por dia e 7 dias por semana.
Em suma, é uma ferramenta que tem o poder de simplificar o dia-a-dia dos estudantes, pois é sinónimo de uma aprendizagem (praticamente) sem restrições.
Gamification
Gamification consiste na adaptação de elementos típicos de um videojogos em contextos que vários (que não os tais videojogos), isto é, consiste na aplicação da mecânica e teoria dos jogos em contextos escolares.
Tal como nos videojogos, o funcionamento desta ferramenta explica-se na forma em que os alunos caso completem as ações certas ganham pontos e passam para o nível seguinte. Adicionalmente, recebem “medalhas” como recompensas simbólicas pelo seus feitos. Ao longo da experiência vão amealhando pontos e no final é possível comparar os desempenhos de cada um através de tabelas classificativas.
Da Gamification podem-se retirar diversos pontos positivos sendo que é uma ferramenta que envolve os alunos e incentiva/motiva os alunos a desenvolverem competências fundamentais como gestão do tempo, trabalho em equipa, a competitividade e o pensamento crítico. Por conseguinte, é uma forma diferente e paradigmática de absorção de conhecimentos por parte dos estudantes.
Social-emotional Learning
Por outro lado, após todos estes conceitos e ferramentas enunciados é necessário dar relevância também aos problemas que podem estes podem originar.
Como forma de prevenir e combater essas consequências surge o conceito “Social-emotional Learning (SEL)”. O “SEL” advém de um dos problemas (senão o mais grave) do ensino online: a possível falta de contacto social dos alunos que assistem às aulas desde as suas casas, visto que casos estas crianças/adolescentes não equilibrem a balança do tempo em que (1) passam sozinhos em frente ao computador e (2) o tempo que disponibilizam para conviver, brincar ou jogar com outras pessoas poderão daí advir graves problemas no que concerne a capacidades sociais básicas (que nem sequer eram postas em causa no pré-COVID-19).
Desta forma, de maneira que essa “solidão” não cause danos irreparáveis no futuro quer profissional quer pessoal desses indivíduos, é fulcral o acompanhamento e comunicação constante entre as três pontas do triângulo relacional: alunos, encarregados de educação e professores (ou até profissionais com maior especialização nessa área como, por exemplo, psicólogos).
Conclusão
Cada vez mais caminharemos para uma aprendizagem focada nos estudantes, isto é, promover um maior sentido crítico e capacitar os alunos de expressarem as suas opiniões e formas de pensar. Associado a este tipo de ensino está uma aprendizagem alinhada com as caraterísticas individuais de cada um.
Por outras palavras, um tipo de ensino centrado pessoa por pessoa ao contrário das tradicionais aulas gerais para a turma/grupo que não têm em conta que não existe uma fórmula 100% eficaz para que todos assimilem os conhecimentos simultaneamente.
No entanto, com toda estas mudanças no paradigma estudantil é necessário precaver os problemas que poderão originar-se pois não se podem “deixar ficar para trás” características básicas de educação e convivência na sociedade que sempre foram a base de ensinamento para os mais jovens.
Fontes:
- https://observador.pt/opiniao/a-educacao-em-estado-de-calamidade/
- https://www.publico.pt/2022/10/03/sociedade/noticia/joao-costa-culpa-ensino-superior-falta-novo-professores-2022712
- https://eco.sapo.pt/2022/10/03/salarios-dos-professores-portugueses-aumentaram-metade-do-valor-medio-da-ocde/
- https://atomisystems.com/elearning/10-popular-trends-in-education/
- https://atomisystems.com/elearning/mobile-learning-is-a-revolution-in-education/
- https://atomisystems.com/elearning/a-closer-look-at-gamification-in-elearning/
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